Anea-Brasil com você em casa! #6

Queridos amigos,

Vocês já pararam para pensar no que faz um italiano ser italiano? O que os diferencia dos demais países e culturas? O vídeo abaixo resume a história a italiana, que culminou com o povo que hoje vive na Itália.



Curiosidade: no vídeo é citado o Grand Tour, realizado por Goethe e tantos outros pensadores europeus. Para explicar melhor a importância dessa viagem para o despertar italiano perante os demais países, abaixo uma explicação de Geraldo José Diogo Filho (Em busca de um lugar ao sol: a viagem de Goethe à Itália , Confins, 35 | 2018, posto online no dia 28 julho 2018, consultado o 24 maio 2020. URL: http://journals.openedition.org/confins/13118; DOI: https://doi.org/10.4000/confins.13118):

"A partir do final do século XVII passa a ser comum entre os jovens de famílias abastadas complementarem suas formações com uma viagem pelo continente europeu. O chamado Grand Tour caracterizava-se como um evento de desenvolvimento pessoal e também de distinção social (ROMANO, 2012). [...] 
O poeta avalia que foi na Itália o local onde aprendeu a observar: “Para mim, pelo menos, é como se eu nunca houvesse apreciado tão bem as coisas deste mundo quanto aqui. Alegro-me das abençoadas consequências que isso trará para toda a minha vida” (GOETHE, 1999, p 160). Na viagem ele encontra tempo e condições para escrever, abrindo caminhos no estudo da arte antiga e das formas da natureza: “Não estou aqui para me divertir; quero aplicar-me no estudo das grandes coisas, aprender e me desenvolver, antes de chegar aos quarenta anos” (Idem, p. 160). Durante sua estadia no território italiano, ele adquiriu uma formação que não poderia receber caso permanecesse em terras germânicas e afirma que “ter mudado até os ossos” ao percorrer o caminho entre Weimar e Palermo (Idem, p.173). Ainda que muitos contratempos cercassem o viajante, tornando o itinerário inseguro, tendo em vista os perigos da travessia por caminhos precários, o uso de embarcações inseguras, a permanência em habitações inadequadas, a violência e os crimes corriqueiros nas cidades, além dos riscos recorrentes de assaltos nas estradas e da presença de piratas no Mediterrâneo. 
Destacam-se aqui três eventos fundamentais da viagem: a travessia dos Alpes - tarefa difícil para a época, realizada muitas vezes a pé ou sobre mulas e cavalos, já que o terreno acidentado não permitia, em muitos locais, o uso de meios de transporte sobre rodas - nessa cadeia de montanhas Goethe pôde estudar as rochas, observar o relevo, a variação altitudinal da vegetação e a dinâmica atmosférica das regiões elevadas; a longa estadia na antiga capital do Império Romano - onde Goethe permaneceu por mais de um ano, conhecendo sua efervescente vida cultural, suas ruínas e monumentos históricos; e a visita ao sul da península - extremo alcançado por poucos viajantes, que na maioria das vezes se contentavam com a chegada a Roma e em seguida retornavam à Europa do norte – onde presenciou a erupção do Vesúvio, em Nápoles, se admirou com as obras de arte e arquitetura da antiguidade na Sicília, e, sobretudo, se surpreendeu com a exuberância da vegetação e da natureza de modo geral.
Costuma-se dividir a biografia de Goethe em três períodos: o romantismo, o classicismo e a maturidade. O final da viagem à Itália marca o início do classicismo e a morte de Friedrich Schiller (1759-1805) o término desta fase, que foi caracterizada pela intensificação dos estudos naturais e também pela oposição ao subjetivismo romântico, que segundo o autor faria a arte perder sua universalidade (GALÉ, 2009). 
De volta à corte em Weimar, uma de suas primeiras ações será abandonar, formalmente, suas responsabilidades ministeriais. Se no “ano anterior passeava entre os laranjais, desfrutando do pleno prazer de viver: agora devia permanecer à espreita atrás dos vidros de uma janela” (CITATI, 1996, p. 24). Segundo Montez, Goethe constata que seu campo de atuação não poderia ser o da administração ou da política, mas sim o da “representação artística e da pesquisa científica” (2004, p. 180). Conforme é delineado por Lacoste: Os estudos e as observações científicas de Goethe na Itália, longe lhe fazer perder tempo e de desviar sua verdadeira vocação poética, lhe fornece a fórmula material, com uma claridade a qual ele não poderia imaginar anteriormente, de certos princípios que valem tanto para a criação de obras de arte quanto para a gênese dos fenômenos naturais. Eles lhe dão acesso à compreensão das leis universais da metamorfose e por isso às condições mesmas de nascença de uma obra a partir de uma vida, com os períodos de latência, de dispersão, de esterilidade. Era necessário sem dúvida o espelho da ciência (da morfologia, que reúne a botânica e a osteologia, e da geologia) para que, no retorno da Itália, Goethe tenha em fim o sentimento de compreender aquilo que era a arte viva, a arte da vida (LACOSTE, 1999, p. 9). 
Após seu regresso, Goethe estabelece planos e inicia a compilação das ideias acerca de tudo que viu durante o período que viveu na Itália. Começando um intenso e solitário trabalho de investigação científica. Em 1789, escreve “A metamorfose das plantas”, trabalho publicado no ano seguinte. Em 1790 escreve outro ensaio sobre a forma dos animais, consistindo em um primeiro esboço para uma introdução geral à anatomia comparada. Naquele ano também inicia suas observações sobre a luz, dedicando-se a este tema por mais de 20 anos. Ao mesmo tempo em que dá continuidade às suas investigações sobre a botânica e as cores, também se interessa por peixes, pássaros e insetos (desenvolvimento da borboleta Phalaens grossularia de 1796). Passa a frequentar a sociedade de Jena, onde estuda química, óptica e anatomia (1797) e realiza ainda discussões com Friedrich Wilhelm Joseph von Schelling a cerca da filosofia da natureza em 1798. Elabora “A teoria das cores” entre 1807 e 1809, publicando-a no ano seguinte, com este trabalho o pesquisador afirma ter concretizado seu processo de investigação da natureza: “o método morfológico” (CITATI, 2005).
Sobre esse tema, uma música que ficou muito famosa é a L'italiano, de Toto Cutugno. Essa música ganhou diversas versões, interpretadas por outros cantores, confiram a versão original:


Até a próxima! Fiquem bem!


Comentários

Família Moret disse…
Io sono italiano, é assim que me sinto....punto e basta.

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