Representantes da Anea-Brasil participam de passeio cultural promovido pelo Circolo Trentino di Bento Gonçalves
Por Maria Eduarda Tesser Gugel
Tesoureira da Anea-Brasil
No dia 19 de janeiro foi realizado o primeiro passeio cultural ao Vale dos Vinhedos, com organização do Circolo Trentino. Participaram do passeio Maria Eduarda, João Luiz e Ademir Gugel, representando a Anea-Brasil.
O dia amanheceu lindo, ensolarado, quente e cedo pela manhã, começou nossa viagem ao passado. Nosso meio de transporte para o passeio foi o ônibus nº1, como é chamado pela empresa Santo Antônio, pois na verdade ele é a representação do primeiro ônibus adquirido pela empresa. De início, já foi possível constatar que as belezas e lembranças que o passeio nos proporcionariam estavam apenas começando e para complementar, nosso motorista estava vestido tipicamente, representado um italiano.
Ao embarcarmos no ônibus, o presidente do Circolo Trentino, Sandro Giordani, deu início aos trabalhos do dia, explicando que o local de nossa partida, a Igreja Cristo Rei, era um ponto de chegada dos imigrantes, pois ali havia um barracão que fornecia abrigo e alimento para continuarem a viagem. Houve também a apresentação das pessoas que estavam no passeio, pois todos faziam parte ou tinham ligação com associações de italianos, sendo uma delas a representante do Circolo Trentino de Caxias do Sul.
Em destaque na foto: Sandro Giordani |
Durante o trajeto observamos belas paisagens ao som de músicas tradicionais italianas.
Nossa primeira parada ocorreu na Capela das Neves, localizada na comunidade de Nossa Senhora das Neves, onde fomos recebidos pelo senhor Remy Valduga, que repleto de memórias e histórias, contou a história da igreja e ao mesmo tempo de sua família, pois ambas se relacionam, abrindo nosso passeio com chave de ouro. Conseguimos sentir o sofrimento, alegria e a coragem que os imigrantes tiveram para recomeçar suas vidas em outro solo, outro país, nos deixando animados para descobrir o que mais havia para ser visto. Detalhe que a capela foi construída por pagamento de uma promessa e à base de vinho, pois não chovia há meses naquele ano. Então foi com fé, vinho e trabalho que os primeiros imigrantes firmaram seus pilares nessas terras para superar as dificuldades.
No trajeto entre os casarões e igrejas foi-se descobrindo vários pequenos capitéis a beira da estrada. A maioria deles foi construída por famílias que viviam ao redor, por pagamento de promessas, por graças alcançadas, ou também porque havia poucas igrejas. Assim, as famílias se reuniam ao final do dia para rezar nesses capiteis.
A segunda parada foi nas ruínas da Igreja das Almas, as quais se encontram sob a divisa de terras de duas famílias, sendo possível chegar a uma trilha, de bela paisagem do vale, que dá acesso à propriedade da família Valduga. No local foi construída em 2011 a replica de um capitel para comemorar o centenário do antigo capitel, construído pela família na Itália. Ali há também as ruínas da antiga casa de pedra dos Giordani, como também a casa que hoje abriga o comércio Vivatto Parque – chocolateria e sorveteria.
Após fomos conhecer o casarão da família Giordani (do padre Julio Giordani), onde hoje funciona a empresa Casa da Madeira. No local, degustamos as deliciosas geleias que são produzidas pela empresa. O porão da antiga casa virou um restaurante rústico e aconchegante e na parte superior, há uma espécie de museu contendo vários artigos e instrumentos comuns da época.
Na nossa próxima parada fomos conhecer um pouco da historia da fonte e da casa da família Giordani que hoje abriga o café colonial da família. O local é bem bonito e agradável.
Então para esquentar ainda mais, fomos conhecer o atelier da artista Cláudia Giordani, que trabalha principalmente com obras em argila, vidro e cerâmica, para decoração, como também utilitários, lembranças do local, além de outras obras artísticas. Na ocasião a artista colocou literalmente a mão na massa, ou melhor, na argila, confeccionando no rotor uma peça, para que pudéssemos observar como é feito todo o processo e esclarecer dúvidas e curiosidades.
Também paramos no casarão e capitel das famílias Tarter-Larentis-Somensi, onde hoje se encontra a parte comercial da vinícola La Barcarola. Ali conhecemos a origem e a relação entre família, vinho, Itália e comércio. Pois, o atual administrador da vinícola nos recebeu e contou a historia da família, sua ligação com a Itália, ao mesmo tempo o porquê do nome da vinícola, o qual provém de uma festa “La Barcarola” que ocorre na Itália, na região, ou melhor, na comune de onde veio a família, em homenagem aos italianos que partiram no vapor, que é representado por um barco. Dessa região, e de outras, o proprietário trouxe ao Brasil quatro variedades de uvas viníferas, que foram plantadas e produzem vinhos muito saborosos, o que comprovamos com a degustação. Eles até produziram no ano passado, um vinho típico na Itália que é feito com uvas passas, que são secas ao sol, antes de irem aos barris/tanques para virarem vinho. Este não pode ser degustado, mas que deve ser uma delicia, deixando-nos com vontade de experimentar.
Com a tarde nos brindando com o calor e nosso estômago, reclamando por comida, nossa próxima parada, foi no casarão da família Longhi, onde realizamos o tradicional Merendin. Desfrutamos de comidas típicas italianas, pão colonial, salame, queijo, grostoli fino, torta tirolesa, sucos diversos, vinho, tudo uma delícia. E após estarmos saciados, o representante da família Longhi, nos mostrou o interior da casa, onde está realizando o restauro e a sua conservação. O local possui vários elementos da cultura e do cotidiano dos seus antepassados, sua maioria utilizado na lida diária com a terra e o cultivo das videiras.
Após fomos conhecer a casa da família Carraro, pena que esta não conservou esse belo patrimônio, só utiliza o porão de pedra para produção de vinho.
Nosso ultimo casarão, nos marca, pela riqueza de detalhes que permanecem nos seus lugares, dando-nos a impressão que o tempo parou. Também pela quantidade de cachorros, que nos recepcionaram de maneira boa e ruim ao mesmo tempo, o Ademir Gugel que o diga.
E finalizamos o passeio, adoçando nossa tarde na chocolateria Vivenda dos Chocolates.
Parabenizamos o Círculo Trentino pelo passeio, foi bem organizado e agradável. Uma delícia que alegrou o nosso verão.
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